Pensei que não me recuperaria mais fatos da semana passada.
Amarrei um bode enorme. Crise, crise, crise!
Voltei a duvidar da Humanidade, previ o colapso da civilização, tive ganas de rasgar a bandeira brasileira, o título eleitoral, desdenhei da fé. Fiquei deprimida, chorei cântaros e vesti minha roupa de carpideira com a maior austeridade. O destino, boa pessoa que é, ainda me deu uma mãozinha, trouxe D. TPM para uma visitinha.
Ainda bem que eu tenho uma família louca, desajustada, mas que me ama; dois filhotes de empréstimo que salvam minha pátria de qualquer pilhagem; amigos generosos e um namorado fofíssimo.
O sábado anunciava um friozinho e ele perguntou todo bem intencionado:
- O que você quer fazer, namorada?
- Ficar em casa, querido. Podíamos assistir a um filme...
- Algum título em mente?
- Passe na locadora e traga algo que me faça sorrir, me faça chorar e deixe a minha alma bem levinha, tá?
Nos encontramos à noite.
- E aí?
- Escolhi esse. Dá uma olhada.
Modigliani – li silenciosamente.
- O que foi? Já viu?
- Não.
A resposta foi horrível. Devo ter dito “não” com cara de ameba.
- Então, o que foi? Não gostou?
- Tirando o fato do Andy Garcia ser o pintor, deve ser o máximo. Eu adoro as telas do Modigliani. Mas é que biografias de artistas como ele, que tem um quê de genialidade, é um calvário. Tô avisando, é suicídio na certa.
Ele riu, riu muito. Preparou a sala, apagou a luz e me envolveu nos braços.
Durante o filme, eu chorava, eu sorria, depois chorava de novo. Depois fiquei enlevada com tanta beleza, com a trilha sonora divina, com as cores, com a luminosidade, com o sonho, com a fome de vida, com a possibilidade real de transformar miséria em Arte, com a fragilidade do homem, com a grandeza do artista.
Acabado o filme, ele ainda se desculpou, dizendo que não era bem o filme que eu queria ter visto...
Antes de concluir a frase, eu o abracei e disse que era exatamente o que eu precisava ver.
Não fui eu quem disse que queria sorrir, chorar e ficar levinha?
Depois de esvaziar os tambores represados, me senti leve e dormi o sono dos justos.
Amarrei um bode enorme. Crise, crise, crise!
Voltei a duvidar da Humanidade, previ o colapso da civilização, tive ganas de rasgar a bandeira brasileira, o título eleitoral, desdenhei da fé. Fiquei deprimida, chorei cântaros e vesti minha roupa de carpideira com a maior austeridade. O destino, boa pessoa que é, ainda me deu uma mãozinha, trouxe D. TPM para uma visitinha.
Ainda bem que eu tenho uma família louca, desajustada, mas que me ama; dois filhotes de empréstimo que salvam minha pátria de qualquer pilhagem; amigos generosos e um namorado fofíssimo.
O sábado anunciava um friozinho e ele perguntou todo bem intencionado:
- O que você quer fazer, namorada?
- Ficar em casa, querido. Podíamos assistir a um filme...
- Algum título em mente?
- Passe na locadora e traga algo que me faça sorrir, me faça chorar e deixe a minha alma bem levinha, tá?
Nos encontramos à noite.
- E aí?
- Escolhi esse. Dá uma olhada.
Modigliani – li silenciosamente.
- O que foi? Já viu?
- Não.
A resposta foi horrível. Devo ter dito “não” com cara de ameba.
- Então, o que foi? Não gostou?
- Tirando o fato do Andy Garcia ser o pintor, deve ser o máximo. Eu adoro as telas do Modigliani. Mas é que biografias de artistas como ele, que tem um quê de genialidade, é um calvário. Tô avisando, é suicídio na certa.
Ele riu, riu muito. Preparou a sala, apagou a luz e me envolveu nos braços.
Durante o filme, eu chorava, eu sorria, depois chorava de novo. Depois fiquei enlevada com tanta beleza, com a trilha sonora divina, com as cores, com a luminosidade, com o sonho, com a fome de vida, com a possibilidade real de transformar miséria em Arte, com a fragilidade do homem, com a grandeza do artista.
Acabado o filme, ele ainda se desculpou, dizendo que não era bem o filme que eu queria ter visto...
Antes de concluir a frase, eu o abracei e disse que era exatamente o que eu precisava ver.
Não fui eu quem disse que queria sorrir, chorar e ficar levinha?
Depois de esvaziar os tambores represados, me senti leve e dormi o sono dos justos.

Jeanne, Modigliani
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