5.7.05

"Mamãe eu quero, mamãe eu quero mamar"

Estou em débito com o blog, mas antes de tudo estou em débito comigo mesma.
Toda vez que sento para escrever, sou tomada por um súbito mal humor misturado com desânimo, preguiça, ódio e aí eu prefiro não escrever.
Para melhorar a situação a D. TPM bateu na minha porta e nem esperou convite, não. A abusada foi entrando. Abriu a porta da geladeira, pegou um suco, uns biscoitinhos, meu livro de cabeceira e está lá, esparramada na minha cama!

O Hormoniosas sempre foi uma fonte de prazer. Quando sento para escrever aqui, mesmo quando o assunto é sério, tento sempre fazê-lo com uma certa leveza, um certo humor, mas devido aos últimos acontecimentos no cenário político deste país inclassificável, eu não tenho conseguido.

Então que seja um texto que reflita a miscelânea de sentimentos que tenho vivido: perplexidade, vergonha, nojo, indignação e cansaço, um profundo cansaço.

Eu vejo o noticiário, leio a impressa escrita e separando o joio do trigo, a notícia do sensacionalismo, ainda resta um saldo muito negativo para a forma que se faz política neste país.

Verifico que Casa Grande & Senzala ainda é uma realidade muito vívida. O poder econômico ainda é o mesmo d’O Capital, quem tem dinheiro manda e desmanda, compra inclusive um bem inalienável como a liberdade.

É muito triste, estou falando por mim, que nunca fui petista de carteirinha, mas sempre fui uma defensora das idéias de esquerda, votei no Lula, acreditei em pessoas que se diziam honradas e que construíram um currículo mediante muitas agruras, passaram por um regime militar, por sofrimentos e ainda assim continuam insensíveis e miseráveis.

O que acontece com toda a história de vida dessas pessoas quando elas assumem cargos estratégicos? Devo acreditar em forças supra-normais envolvendo o poder? Quer dizer que não importam os meus valores, o poder sempre me corromperá? Quer dizer que o mundo é mesmo hobbesiano e foda-se quem estiver fora da jogatina?

Se o Bobbio ainda estivesse vivo, gostaria de ter a oportunidade de conversar com ele e descontruir as teses de um livro que ele escreveu – não lembro bem o nome – que trata sobre o pensamento político das esquerdas e direitas no mundo. Ele inclusive questiona se ainda há lugar para essas denominações.

Professor Bobbio, aqui na Belíndia tanto faz... esquerda ou direita são só nomes sem qualquer valor agregado.
Em terras belíndias existe um ditado que diz “é tudo farinha do mesmo saco”, e sabe que eu começo a acreditar nisso? Não importa o lado em que se encontram, o nome que tenham, eles se unem em prol do bem comum DELES.

Eu acho muito engraçado que o funcionalismo público e aposentados não recebam aumento segundo a alegação de que tais reajustes arrombariam os cofres públicos (estes últimos, para pagar a conta dos ladrões do poder, voltaram até a contribuir com a Previdência), mas o pagamento de mensalão tudo bem, consta do Orçamento da União, é isso?

Tô cansada de pagar conta alheia! Eu não consigo pagar as minhas! Eu pago tanto imposto para tapar o buraco que a corja de corruptos faz que não sobra dinheiro para pagar as minhas dívidas. E por isso meu nome está no SPC, SERASA, tem cobrador na minha porta, se bobear vou até presa, mas ao bando de desocupado, que passa o tempo a pensar no próximo plano infalível, não acontece nada.

Eu acho isso tudo muito lindo! Mais lindo é ver as pessoas em quem você acreditou encher a boca para falar em ética e democracia. Isso é uma piada. Às vezes acho que é tudo um terrível pesadelo e que vou acordar... periga que quando eu acordar, as coisas já não tenham mais jeito.

Ai, que to sem fôlego de tanta dor. Peraí que vou ali tomar um beserol.

PS:. Será que tem um remedinho que faça passar a dor das cólicas “desencanto político”? Cartas para a redação.

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