4.10.05

Os dois Franciscos


Não, eu não errei. O que eu vou falar não tem nenhuma relação com o filme/saga sertaneja. A história aqui é outra.

Hoje comemora-se o dia de São Francisco. Sim, aquele rapaz lá de Assis que devotou sua vida aos pobres e humildes, que se despojou das riquezas e abraçou causas extremas com muita doçura e generosidade.

Acho que gosto de São Paulo, gosto de São João, gosto de São Francisco e São Sebastião...

Eu gosto pra burro de São Francisco. É uma fraqueza minha: gosto de gente autêntica, apaixonada, intensa, gente que assume um modo de vida e é fiel a ele, independente do que digam ou pensem. Eu invejo gente assim, que apesar das adversidades, vence.

Não, não vou catequizar ninguém. Não tenho essa pretensão. Cada um – os corajosos – crê e vive naquilo que acredita; alguns passam toda uma existência sem crer em nada ou ninguém e ainda por cima, não vivem, se arrastam pelo mundo, simplesmente.

Eu tenho cá pra mim que a gente precisa fazer a diferença no mundo, ainda que num mundo restrito de nossas relações. Alenta-me saber que minha vida é muito melhor e mais agradável porque existem os amigos, as manas, o namorado, uma família desajustada – just a little bit – e o João.

As pessoas de fora não fazem a menor idéia do que essas pessoas representam na minha vida, muito provavelmente elas são ‘mais um’ no mundo, mas para mim são mais, muito mais.

É, eu sei, esse post era pra ser de um jeito e está saindo de outro... estou perdendo o controle sobre a pena e o papel.

Ah, ela está descontrolada...

Tô mesmo, hoje amanheci assim, piegas, chorosa, apaixonada, com vontade de engravidar, de fazer amor, de tomar banho de chuva... sei lá, mas eu me permito o descontrole, a loucura, eu me permito até o perdão.

Caramba, onde foi que eu parei? Ah, S. Francisco de Assis!
Sim, o outro Francisco ao qual me referi no título do post é o Velho Chico.

Estamos falando tanto desse plebiscito, de violência, desarmamento, daí que e eu resolvi trazer pra vocês as histórias desses franciscos como exemplo e para lembrarmos que ainda resistem outras formas de lutar sem falar de armas.

Frei Luís Cappio há uns 20 anos atrás tomou para si a missão de viver e conhecer o rio São Francisco. Peregrinou por toda sua extensão, desde a nascente até a foz, estabeleceu vínculos com a comunidade ribeirinha e tornou-se um deles.

Desde o dia 26 de setembro, Frei Luís faz greve de fome como forma de protesto. Ele pretende chamar atenção da sociedade política para a besteira sem par que está preste a cometer se aprovar o projeto de transposição das águas do Rio São Francisco. Frei Luís clama pela revitalização do rio.

Além de não resolver o problema da seca (e já vou mudar de assunto, porque o assunto indústria da seca envenena meu sangue), transpor as águas vai causar danos irreparáveis às comunidades ribeirinhas que vivem do extrativismo e da pesca.

O ato de Frei Luís é ousado e absolutamente lúcido.
Eu me solidarizo a ele nesta luta e espero sinceramente que ele não morra, porque ele fará diferença, talvez não para essa corja que anda à solta por aí, mas certamente para o pequeno mundo de suas relações.

Hoje eu tenho uma certeza, uma das poucas: o afeto faz milagres.


PS: Caceta! Como é que vocês me agüentam? Eu falo/escrevo demais!

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