C.B.

Sua inteligência promove arrebatamentos na gente, pois ela manifesta-se com arte. Não há mais divina interação... (suspiro!) Nada revela mais o que sinto por ele do que o suspirar!
Exemplo?
Vejam:


Iracema voou

Iracema voou
Para América
Leva roupa de lã
E anda lépida
Vê um filme de quando em vez
Não domina o idioma inglês
Lava chão numa casa de chá

Tem saído ao luar
Com um mímico
Ambiciona estudar
Canto lírico
Não dá mole pra polícia
Se puder, vai ficando por lá
Tem saudades do Ceará
Mas não muita
Uns dias, afoita
Me liga a cobrar
-É Iracema da América

Lembram de Iracema de José de Alencar? Um anagrama de América. E quem vai para a América, figura emblemática de tantos brasileiros reais, é ninguém mais que Iracema segundo C.B.
Iracema de J.A. se apaixona pelo bandeirante, o (suposto) civilizador.
Iracema de C.B. é seduzida pela civilização (suposta) da América.
Mas a Iracema de J.A. não se torna ‘civilizada’ e Iracema de C.B. continua índia e às margens da civilização, lavando “chão numa casa de chá”.

Minhas reverências Chico Buarque!