As coisas acontecem no tempo certo, eu costumo dizer a mim mesma.
Há quase um mês, tentava sem sucesso, terminar de ver o filme As Horas. Sei lá, achava o filme chato, repetitivo, sem contar que aquela fotografia feita de sombras me punha triste como o quê!
(Devo confessar que, a princípio, sou resistente a filmes sobre pintores, escritores, músicos, etc. Não sei explicar ao certo, mas é como se estivesse olhando pelo buraco da fechadura e o que é pior, a imagem por trás da porta não é exatamente a que eu vejo, mas a que estão me mostrando... papo de doudo, eu sei, mas eu nunca disse que era normal!)
Todas as noites, ligava o vídeo, assistia aos 20 primeiros minutos e acabava dormindo. Todas as vezes esse ritual repetia-se.
Como eu detesto não fechar os movimentos da minha vida, resolvi que mudaria as minhas horas. Na tarde de sábado, então, eu vi tudo do princípio ao fim, sem ao menos pestanejar.
Compreendi que estando eu chata, repetitiva e nas sombras não poderia mesmo suportar nada que me refletisse. Não há nada pior do que enxergar no outro os nossos sinais, me refiro aos piores sinais.
(O senso estético habita até mesmo nossas regiões de reclusão.)
Os estudos literários ensinaram-me a separar o autor de sua obra, a refletir e fazer críticas referentes ao material lido.
Eu aprendi a lição.
Mas como aluna rebelde que sou, não posso compreender a criação em sua inteireza sem levar em consideração que mãos humanas, complexas e imperfeitas determinaram o ato de criar.
Insisto em acreditar que a criação é contagiante porque é feita por contágio. Não acredito nessa Arte. Pura. Marmórea. Fria.
A arte me toca porque é divinamente humana, porque traz consigo o germe da infecção. Se ela não retratar o Humano, não sou capaz de nela me reconhecer.
Há quase um mês, tentava sem sucesso, terminar de ver o filme As Horas. Sei lá, achava o filme chato, repetitivo, sem contar que aquela fotografia feita de sombras me punha triste como o quê!
(Devo confessar que, a princípio, sou resistente a filmes sobre pintores, escritores, músicos, etc. Não sei explicar ao certo, mas é como se estivesse olhando pelo buraco da fechadura e o que é pior, a imagem por trás da porta não é exatamente a que eu vejo, mas a que estão me mostrando... papo de doudo, eu sei, mas eu nunca disse que era normal!)
Todas as noites, ligava o vídeo, assistia aos 20 primeiros minutos e acabava dormindo. Todas as vezes esse ritual repetia-se.
Como eu detesto não fechar os movimentos da minha vida, resolvi que mudaria as minhas horas. Na tarde de sábado, então, eu vi tudo do princípio ao fim, sem ao menos pestanejar.
Compreendi que estando eu chata, repetitiva e nas sombras não poderia mesmo suportar nada que me refletisse. Não há nada pior do que enxergar no outro os nossos sinais, me refiro aos piores sinais.
(O senso estético habita até mesmo nossas regiões de reclusão.)
Os estudos literários ensinaram-me a separar o autor de sua obra, a refletir e fazer críticas referentes ao material lido.
Eu aprendi a lição.
Mas como aluna rebelde que sou, não posso compreender a criação em sua inteireza sem levar em consideração que mãos humanas, complexas e imperfeitas determinaram o ato de criar.
Insisto em acreditar que a criação é contagiante porque é feita por contágio. Não acredito nessa Arte. Pura. Marmórea. Fria.
A arte me toca porque é divinamente humana, porque traz consigo o germe da infecção. Se ela não retratar o Humano, não sou capaz de nela me reconhecer.
A sensação de sufocação que Mrs. Dalloway (tão rígida, tão cinza, tão geométrica) sempre me passou tem raízes que ultrapassam o texto literário.
Não sei se isso faz algum sentido pra vocês, mas faz todo o sentido para mim.
4 comentários:
Prezada Amélia: comungo com você. Arte é criação por contágio (gostei dessa). Acrescentaria: é cumplicidade.
E muito mais, além de magia e encantamento.
Abraços do José de Castro.
http://josedecastro.zip.net
Valentina: desculpe pela falha de te chamar de Amélia no comentário anterior. É que vcs são 4 e assim é covardia. Eu leio várias textos de várias autorias e na hora de comentar acabo me atrapalhando. Espero que isso não ocorra de novo. Tenho perdão? Obrigado. Um abraço do José de Castro.
http://josedecastro.zip.net
PS: abraços extensivos a Rubya, Amélia e à outra hormoniosa.
Caro Castro, é claro que está perdoado.
Nós aqui somos uma irmandade e para mim ser confundida com qualquer uma das manas é um puta elogio.
Só tenha cuidado, nossa Amélie não é nem de longe como aquela outra que "não tinha a menor vaidade" :))
Essa coisa do contágio... quem me iluminou sobre essa relação foi meu mestre Osman Lins. Besos
Valentina: Obrigado pelo perdão.
Bionda: desculpe por ter te chamado de "a outra".
Lembranças à Rubya e à Amélie.
Abraços para todas vocês.
Com carinho,
José de Castro.
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