13.12.04

"Eu quero uma casa no campo, onde eu possa compor muitos rocks rurais"...

Passei o fim de semana pensando sobre o conceito de felicidade. Não, não estava preparando nenhum texto, não tinha pretensão de fazer um estudo. Estava simplesmente refletindo sobre a minha insatisfação com muitas coisas que andam acontecendo comigo, direta ou indiretamente.
Lembrei que mesmo diante de uma crise financeira, da vontade de romper com minhas atuais atividades profissionais, ainda consigo achar espaço para o riso.

Felicidade para mim é ter uma folga no meio da semana, dormir até mais tarde, ou num dia chuvoso, assistir um filme enquanto bebo um capuccino quente e saboroso.

Aprendi que isso é felicidade, um estado de graça, de ócio, de criatividade, de paz, de amor, de sensualidade. Aprendi também que ainda há possibilidade de felicidade quando vivemos situações de dor, de ausência de alegria. A intensidade com que vivo tudo isso é a minha bússola interna.

Não quero dar uma de Lair Ribeiro ou Paulo Coelho (batendo 3 vezes na madeira), mas é que ultimamente, tudo o que entendo ser felicidade está sendo ofuscado por uma construção (pós)moderna, capitalista e imbecil.

(Meu Deus! A felicidade também é uma construção social. Cai o último tijolo da minha parede!)

Felicidade está diretamente vinculada com sucesso, com grana, com bens. Vejo pessoas achando o máximo que outros as invejem, quanto mais forem invejadas, é sinal que mais felizes e bem sucedidas são. Tudo passou a ser medido por uma relação custo/benefício.

Juntamente com isso, vejo essas mesmas pessoas projetando sempre mais e o sempre mais é um lugar no futuro. Elas vão ser felizes quando ganharem na loto, quando casarem, quando comprarem aquela big casa, quando... e o agora?

Será que não dá pra ser feliz agora? Indo ao cinema, namorando, cuidando do filho? Escrevendo um livro, pintando um quadro, comendo um chocolate, tomando um sorvete?
Ando tão cansada desse desespero pelo futuro promissor. Pela idéia de grandiosidade.

Claro que ter conforto é ótimo. Ter ambições, ter projetos, querer melhorar de vida também. Isso deveria ser um direito de todos, não uma competição. Afinal já somos testados a toda hora, somos selecionados constantemente por critérios mil, então, eu quero ser feliz agora e de forma simples.
Sabe quando você, depois de alguns anos, reencontra amigos de segundo grau? Se cumprimentam, fazem as perguntas de praxe e depois fica aquele intervalo horrível?
Pois é, ultimamente tenho reencontrado muitos desses colegas de colégio e se a conversa consegue deslanchar um pouco, invariavelmente aparece o tema da felicidade consumista.
"Viajei para lugar X e você?"
"Comprei um apartamento, tenho isso, tenho aquilo."
Ouso mudar o rumo da prosa e pergunto se ainda joga basquete, lembro das competições, dos amigos, mas não tem jeito, a resposta é: "não, jogar não dá grana, fulano de tal ficou nessa e hoje...blá blá blá..."
Eu, de saco cheio, finjo que alguém me chamou, despeço-me e corro para as Lojas Americanas.
Vocês conhecem um lugar que venda chocolates mais barato do que lá?
Nem eu.

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