18.4.05

Embora eu tenha nascido numa manhã de domingo, eu não gosto de domingos.
Não sei explicar, não é racional, mas sinto esse incômodo desde sempre. Não importa quão delicioso tenha sido o dia...e o de ontem foi ótimo.
Manhã linda e clara, céu de brigadeiro. Fui à missa, cochilei, passei na casa da vó, saí pra tomar sorvete com o namorado, depois fomos ver o pôr-do-sol na Praça. Tudo perfeito, mas lá no fundinho havia um gosto de tédio, de vazio. Um eterno bocejar.
Até os pombos pareciam voar preguiçosos, fugindo do assédio incansável de crianças com mãos cheias de milho. Até os pombos rejeitaram o alimento em troca de silêncio.
De súbito, tive um clique.
Há tempos tenho passado pelos domingos sem sentir esse estreitamento. Talvez não seja de todo mal senti-lo, talvez seja esse o meu termômetro (que eu burramente deixei de lado), o modo de avaliar o mundo que me cerca e o mundo que me cerca encontra-se numa inércia existencial tão entediante que esmaece as cores saborosas da vida.
Por que estou falando essas coisas depois de algumas conquistas importantes? Depois de alegrias genuínas? Não sei, talvez seja pra lembrar que não dá para ser feliz sozinho.

Nenhum comentário:

Arquivo do blog