1.2.05

Venho acompanhando há algum tempo, o debate acerca da crise dos sistemas representativos. A coisa ficou mais feia e começamos a observar não só a fragilidade dos sistemas representativos, mas da própria idéia de representação.

Comemoramos na semana passada, o 60º aniversário de libertação de presos do Campo de Concentração de Auschwitz.

Isso me fez pensar novamente na questão da representação.

Ora, os mais renomados mitólogos são enfáticos ao afirmar que o homem é um animal simbólico e como tal necessita fazer-se representar na sociedade, criando ritos, mitos, cerimônias que atestem sua existência no mundo. Isso acontece no interior de pequenas comunidades até no espaço de excelência – as artes.

“Onde o nazismo entra nesse papo”, vocês devem estar pensando. Não, Valentina AINDA não abilolou de vez. Pra mim, tudo isso tem uma relação tão grande que quase me levou a nocaute.

Fiquei pensando assim: a representação se esgota? Ela perde sua capacidade de validar processos sócio-culturais? Em que momento ela deixa de ser também um instrumento de gozo pessoal?

Um filme sobre o holocausto é capaz de simbolizar e representar de forma satisfatória? As fotos, em exposição, que pretendem ser eterna denúncia, elas denunciam mesmo?

Não estou dizendo que isso não seja importante, não...

Então, domingo, li uma matéria (Máquinas da auto-idolatria - O filósofo Jean-Luc Nancy explica como as fotos dos campos de concentração esgotam a idéia de representação) que me confortou no sentido de não estar sozinha com as minhas dúvidas, que existe ressonância na minha insatisfação.

Quero continuar acreditando no animal mítico que somos e na construção da complexa teia de suas representações até o limite de não saber se há realidade de fato.

Quero acreditar que este ente social não banalizará seu melhor artefato antropológico: os símbolos.
PS: Se não conseguirem ler a matéria, avisem que dou um jeito de disponibilizar o conteúdo.

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