Como agora o Brasil resolveu todas as suas dificuldades, como não temos mais problemas com corrupção, crime de colarinho branco, como ninguém mais passa fome ou está desempregado, como a questão agrária chegou a um consenso, como a questão dos tributos foi resolvida, como o indecente mínimo foi abolido e todos agora são bem remunerados e conseguem manter um padrão de vida digno, como não existem mais hospitais na UTI, como o SUS funciona e não precisaremos mais pagar previdência privada, como todas as crianças estão em colégios, creches e devidamente alfabetizadas, como não existe mais violência, enfim, como vivemos num país modelo, os parlamentares estão em crise, estão em profunda depressão por não terem mais atribuições em suas agendas.
Com medo do ócio, eles resolveram, então, tomar o lugar dos gramáticos e filólogos e legislar sobre as regras da Língua Portuguesa, contribuindo com a difusão e propagação da forma culta da nossa Flor do Lácio.
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Política
Deputado propõe o fim da crase na Língua Portuguesa
BRASÍLIA - O acento indicativo de crase poderá ser eliminado da língua portuguesa, caso o Projeto de Lei 5154, do deputado João Herrmann Neto (PDT-SP), seja aprovado pela Câmara. Crase é a fusão (ou contração) de duas vogais idênticas em uma só. Em linguagem escrita, é representada pelo acento grave. Segundo o deputado, a crase complica a língua portuguesa e só serve para "humilhar muita gente".
Para ele, a maior parte da população brasileira ignora a ocorrência da crase na maioria das expressões em que ela aparece.
''As ambigüidades podem ser desfeitas com o estudo e a análise do texto, sem levar em consideração esse sinal obsoleto que o povo já fez morrer'', defende.
Em sua argumentação, João Herrmann cita diversos escritores, como Moacir Scliar, que, na crônica "Tropeçando nos acentos", registra: "A população brasileira se divide em pobres e ricos, mas também se divide em dois grupos, os que sabem usar a crase, a minoria, e a maioria que tem um medo existencial a esse sinal".
Para João Herrmann, a eliminação do sinal também poderá contribuir para economizar tempo no ensino da Língua Portuguesa. Segundo ele, esse é o erro mais comum, em qualquer tipo de "texto, placa, letreiro ou anúncio", e o que mais precisa ser repetidamente corrigido por professores desde o ensino fundamental.
"O acento não faz falta nenhuma. Simplesmente deixará de ser escrito", explicou.
As editoras de livros e periódicos terão um prazo de três anos para adaptar suas publicações ao cumprimento da medida. Pelo texto, onde hoje escreve-se "à", será escrito apenas "a".
O projeto foi encaminhado às comissões de Educação e Cultura; e Constituição e Justiça e de Cidadania. Caso seja aprovado, pode ir diretamente à análise do Senado, sem passar por votações em plenário, por ter caráter conclusivo
Agência Câmara
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